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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Bem e cá estou eu de coração novo, num dos magníficos livros da Margarida Rebelo Pinto, um dia li " o bom de ter um coração novo, é poder escolher quem lá pode entrar ", tentei então levar as coisas assim, do lado positivo de que tudo iria correr bem. Antes de fechar os olhos e as mãos com força desejei não odiar ninguém, amar todo o mundo da forma mais pura e sincera que conseguisse naquele momento em que tudo podia acabar. Desejei um campo enorme de flores e muita paz. Não senti rancor, foi como se estivesse com os olhos abertos pela última vez, como se fosse a última luz, o último pensamento. Por momentos senti querer tudo, viver tudo nos poucos minutos que me restavam. Vivi o pesadelo da morte.
Impressionei-me com o facto da morte ser tão assustadora e fria. Pensei quinhentas mil vezes o que tinha feito nestes dezasseis anos de vida, olhei para o passado, bem lá no fundo e admirei como a vida foi longa, e as inúmeras pessoas que passam por ela, umas que ficam e outras que com o tempo se vão. Conheci a vontade enorme de querer viver só mais um dia, quando pensava que não valia a pena.
Fiz cossegas na minha barriga e sorri, sorri porque passamos por tantas e tantas desilusões em que pensamos que aqui não fazemos nada, que a vida não vale a pena se não der certo com quem amamos, se soubessem o quanto isso é mentira. Deus existe, e é graças a ele que hoje estou de pé, e sabem? Não penso em organizar o coração com quem quero que entre nele, penso sim em viver cada dia de uma forma diferente, de sorrir de maneiras patética e irritantes. Não percas tempo com zangas, com telefonemas que te vão fazer chorar, não digas que não queres viver, ou que simplesmente não fazes nada neste mundo, porque cada um tem a sua missão. Pensa que, a vida está feita de labirintos e aventuras, basta procurá-las, e que o amor é só uma mais valia para quem o pode sentir, e quem não sente, então é porque assim tem que ser. Deus olha por ti, sempre.

sábado, 27 de outubro de 2012

Quando te apetecer correr, corre, e se, a vontade não for mesmo correr faz-o na mesma. Quando te apetecer gritar que estás mal com o mundo, grita, mas alto, não guardes nada para ti. Quando a força interior te mandar enrolar uma, faz-o, acende-a onde quiseres e fuma-a com todo o gosto. Quando te sentires com frio não fiques em casa e mostra o que realmente és capaz de fazer contrariando a tua vontade. No dia que te sentires triste, sorri por estares vivo e poderes fazer o que bem te apetece, sorri por teres um pacote de mortalhas no bolso, uma ganza e uma ponta, isso pode ser a tua alegria. Quando precisares de te libertar, joga à bola e se te apetecer parar, não pares pois não sabes se um dia destes terás oportunidade de o voltar a fazer. Deita-te só quando o frio já rachar e acorda quando o sol te bater com força na janela.
Saí à rua as vezes que forem necessárias e não fiques em casa por estares cansado de um dia de escola. Ouve a tua música, fode o teu juízo, mas não pares. Não pares de viver, de sorrir. Nunca te esqueças, aproveitar ao máximo, a vida acaba um dia destes.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Mulheres

Deixámos as coisas chegarem a este ponto. Deixámos de ser a essencia ao viver de alguém. E hoje encontro-me em situações que cada vez me fazem ficar mais triste com este assunto. Falam de nós como se fossemos banais, coisas, objetos que dia menos dia deixam de fazer falta. Falam de nós como se o nosso sorriso não contasse nas madrugadas frias. Falam em nós como se o nosso coração não chorasse por mágoa ou não se despedaçasse por tristezas. Falam assim, uns em tom agressivo, outros em ironia, mas a verdade é que para esta juventude e agora, neste mundo deixámos de ser as deusas, deixámos de ser a única gota de água num período de seca. Deixámos de ser importantes, de ser tudo e mais alguma coisa. O mundo tornou-se cruel, e a maneira como falam das mulheres é cada vez mais insignificante. Fizeram com que o mundo se transformasse em algo tão desenvolvido que o amor se dissipou. Como se, uma gaivota o tivesse levado juntamente com o nosso belo e digno significado.